Querida Clarice,
Preciso te dizer: você sempre habitou em mim.
Nas palavras, nas dores, no olhar. Em Dezembro.
Seu primeiro livro que li foi 'A Hora da Estrela', em 2006. Devorei em um dia. Passei um tempo de luto por Macabéa. Andei pelas ruas do Rio de Janeiro buscando vê-la com Macabéa, e confesso que algumas vezes te encontrei: uma se escorando na outra.
Depois do primeiro livro vieram tantos outros. A maioria de sebos, encontrados ao acaso. O que encontrava, eu lia. E foi assim com 'A maçã no escuro', 'Perto do coração selvagem', 'A paixão segundo G.H', 'Felicidade Clandestina', 'Laços de Família', 'A Via Crucis do Corpo', 'Correspondências' e enfim, meu predileto: 'Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres'.
Já o li algumas vezes. Já brinquei de esquecer, como a doce menina ruiva que só queria se encontrar em Emília, de Monteiro Lobato. O livro dos prazeres é de fato uma aprendizagem. Eu sei que Lóri não estava pronta para amar. E Ulisses, mesmo a amando com todas as forças, precisou empurrá-la para o abismo que é a vida.
Diálogo entre Lóri e Ulisses_Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres_1969 |
Hoje carrego comigo suas palavras, algumas delas literalmente: tenho tatuado no braço direito algumas de suas últimas palavras escritas: 'minha alma tem o peso da luz'. Sim, eu precisei sentir dor e carregar em mim palavras que são suas onde eu me encontro.
Queria te desejar feliz aniversário. E agradecer por ter compartilhado com o mundo suas palavras, sua dor, sua loucura, sua necessidade de sentir a vida pulsando.
Com amor,
tânia piloto
Um dos últimos bilhetes de Clarice |
http://www.ims.com.br/ims/visite/programacao/hora-de-clarice-2014
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