Ouvir pela segunda vez.

A cada ação do projeto brincando ...com Lola, a gente se depara com uma novidade, algo que nunca havia acontecido antes.
Ontem fizemos uma ação junto com o Cola Caco na Casa Adélia Marques, no Morro do Pau da Bandeira - RJ e mais uma vez, mais um aprendizado.

Eu já havia contado a história, as Lolas e Dôdus já haviam sido distribuídos e coloridos. Eles já tinham desenhado no papel. A ação já estava finalizada.

Para pegar o amarelo do Sol, a Lola e o Dôdu viajam de balão até o céu

Algumas meninas me puxaram e falaram baixinho: tia, conta a história de novo? Por favor, por favor. E eu perguntei: Com a mala? Com tudo? E ouvi com gritinhos: Siiiiiiiim.

Respirei fundo, contive a minha emoção e nos sentamos no chão com um pouco mais da metade das crianças presentes, que queriam ouvir a história de novo.

Nessa segunda vez, havia um coro, as crianças falavam as minhas falas, sentiam a emoção da Lola que acordou sem cor, com muito desapontamento.

No fim, várias Lolas e Dôdus finalmente coloridos, celebravam a vida.

Por mais um instante a imaginação daquelas crianças foi longe... Foi para um céu num balão de fitas coloridas, foi navegar no mar em um barquinho vermelho.

E eu, emocionada, refleti e percebi ali que recebi uma jorrada de afeto e confiança.

É tanto estudo, tanta pesquisa, tanta procura pelo melhor, para que possamos de alguma forma estimular a imaginação dessas crianças. Para que dessa forma, a criança consiga viver com um pouco de cor, imaginação e esperança.

“A Terra não é chata e a realidade também não. A realidade é contínua, múltipla, simultânea, complexa, abundante e parcialmente invisível. Só a imaginação pode compreendê-la e revelar suas profundezas” (WINTERSON, 1995:151)

A história permite que a criança veja, ouça, entenda e sinta com mais clareza, proporcionando uma empatia e uma verdade mais profundas do que é possível por meio de palavras literais. (Sunderland, 2005:26)